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Ao iniciar a leitura de artigos que utilizam eletromiografia, muitas são as dúvidas que surgem a respeito da metodologia, não sendo incomuns, leitores que “pulam” essa parte dos manuscritos… Dentre as dúvidas mais frequentes, encontram-se aquelas referentes à expressões como “os dados foram normalizados pela Contração Voluntária Máxima (CVM)” (BATISTA et al., 2011) ou “os valores foram normalizados pela Contração Voluntária Máxima Isométrica (CVMI) de cada participante (SACCO et al., 2014)”. Mas afinal, o que é, e para serve essa normalização?

Inicialmente, é importante lembrar que a captação do sinal depende de muitos fatores, como impedância da pele, quantidade de tecido adiposo, preparação da pele para posicionamento dos eletrodos… Sendo assim, o uso da eletromiografia carrega consigo a dificuldade de comparar a “quantidade de ativação” captada durante a execução de um exercício por diferentes indivíduos. Uma forma de contornar tal questão é avaliar o máximo que um músculo consegue fazer para, a partir daí, comparar as execuções em “percentual da CVM”.

Por exemplo, ao invés de comparar que em um movimento, uma pessoa ativou 40 mV do reto abdominal e outra 20 mV, avalia-se a capacidade máxima de cada uma delas contrair tal musculatura, que poderia ser 200 mV e 400 mV, de forma que a primeira utilizou 20% da CVM, e a segunda utilizou apenas 5%! Percebe-se então que é essencial sempre realizar a CVM, até para comparar o mesmo indivíduo ao longo do tempo, pois, a capacidade máxima pode ter alterado, a pele pode ter uma impedância diferente (por maior, ou menor, ingesta de água, uso de cremes e óleos corporais, etc.), ou mesmo por alguma alteração no posicionamento de eletrodos. O percentual de CVM vai permitir avaliar o quanto recrutado uma musculatura foi recrutada durante uma situação específica.
Vale lembrar que, para cada músculo, a literatura aponta, não apenas em qual ponto colocar os eletrodos, mas também a posição mais adequada para a realização da CVM que, invariavelmente, é isométrica (KONRAD, 2005)! Pode-se então dizer que a CVM, CIVM ou CVMI, permite estimar o valor que representa o 100% da ativação voluntária de um determinado músculo, utilizado para tornar possível diversas comparações, seja de diferentes pessoas realizando o mesmo exercício, das mesmas pessoas realizando exercícios distintos, ou ainda de uma mesma pessoa em diferentes momentos, como pré e pós-intervenção.

 

Texto por: Me. Catiane Souza

Lattes: http://lattes.cnpq.br/2788554094463654

 

REFERÊNCIAS:

BATISTA, Roberta LA et al. Biofeedback na atividade eletromiográfica dos músculos do assoalho pélvico em gestantes. Rev. bras. fisioter, v. 15, n. 5, p. 386-392, 2011.

KONRAD, Peter. The abc of emg. A practical introduction to kinesiological electromyography, v. 1, p. 30-35, 2005.

SACCO, Isabel CN et al. Electromyographic assessment of trunk and shoulder muscles during a Pilates pull-up exercise. Motriz: Revista de Educação Física, v. 20, n. 2, p. 206-212, 2014.