O centro de pressão, também conhecido como COP – do inglês Center of Pressure muitas vezes é confundido com o centro de gravidade, ou COG – também do inglês, Center of Gravity. Apesar da semelhança das siglas, trata-se de conceitos diferentes: COP é um ponto no espaço plano que representa a origem do vetor da força de reação do solo em um corpo, enquanto o COG é um ponto do espaço tridimensional que representa o local onde a força da gravidade é exercida sobre esse corpo. O COG é um valor estimado, enquanto o COP pode ser medido, de diferentes formas, como por palmilhas, plataforma de pressão e plataforma de força. A utilização prática deles é igualmente distinta, enquanto o COG é usado quando se pretende avaliar o efeito resultante das forças que atuam sobre um corpo, ou parte dele, o COP pode ser utilizado para avaliar o equilíbrio do corpo.
Em um corpo humano “completamente imóvel” na posição ortostática, o COG fica próximo à cicatriz umbilical, enquanto o COP fica no solo, na projeção vertical do COG. Há situações em que o COP pode variar bastante enquanto o COG se mantém praticamente inalterado, já quando o COG varia o COP também irá modificar-se. Duarte e Freitas (2010) afirmam que mesmo quando se decide ficar parado na postura em pé, oscila-se, nesse sentido, o termo postura ereta estática ou parada, referindo-se à postura ereta quieta, embora comumente utilizado, é tecnicamente impreciso. Sendo assim, s autores sugerem o uso do termo postura ereta “semi-estática” como mais adequado. Essa oscilação involuntária pode ser utilizada justamente como elemento de avalição.
Para avaliações estáticas (ou “semi-estátisticas) utilizando plataforma de força, normalmente se utiliza um protocolo de aproximadamente 30 segundos (LEMOS et al., 2015), onde é solicitado que o paciente fique parado sobre a plataforma. A partir dessa avaliação, obtém-se o posicionamento do COP ao longo do tempo, e diversas informações podem ser retiradas, tal como excursão total (distância percorrida pelo COP ao longo da aquisição de dados), trajetória (representa a oscilação do corpo), área da elipse (elipse onde 95% dos pontos estão inseridos), velocidade do deslocamento, deslocamento ântero-posterior, deslocamento látero-lateral, velocidade média.
O profissional que tem acesso a esses dados pode quantificar o quão boa é a estabilidade postural do seu paciente e avaliar a efetividade de sua estratégia para manutenção do equilíbrio. A literatura mostra que avaliações do COP vêm sendo amplamente utilizadas em diferentes contextos, por exemplo, em idosos (ARAUJO et al., 2011), pacientes com vertigem postural paroxística benigna, conhecida popularmente como labirintite (LANÇA et al., 2013), pessoas com dor lombar crônica (DELLA VOLPE et al., 2006), pacientes após um AVC (TASSEEL-PONCHE, YELNIK, BONAN, 2015). Nordin e Frankel (2003) colocam ainda que o COP pode ser uma ótima opção para avaliar pessoas saudáveis, ou para verificar efeitos de medicamentos, álcool, diferentes tipos de calçados… Enfim, são diversas possibilidades de uso dessa variável, tanto na clínica, quanto na pesquisa, não se restringindo apenas a situações estáticas, pois o COP também fornece importantes informações em situações dinâmicas, como na marcha. Para saber mais a respeito, assista nossos WEBINARS SOBRE ANÁLISE DA MARCHA.
Texto por: Me. Catiane Souza
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REFERÊNCIAS:
ARAUJO, T. B., SILVA, N. A., COSTA, J. N., PEREIRA, M. M., & SAFONS, M. P. Efeito da equoterapia no equilíbrio postural de idosos. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 15, n. 5, p. 414-9, 2011.
DELLA VOLPE, R., POPA, T., GINANNESCHI, F., SPIDALIERI, R., MAZZOCCHIO, R.; ROSSI, A. Changes in coordination of postural control during dynamic stance in chronic low back pain patients. Gait & posture, v. 24, n. 3, p. 349-355, 2006.
DUARTE, M., FREITAS S.M. Revisão sobre posturografia baseada em plataforma de força para avaliação do equilíbrio. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 14, n. 3, p. 183-192, 2010.
LANÇA, S. M., GAZZOLA, J. M., KASSE, C. A., BRANCO-BARREIRO, F. C. A., VAZ, D. P., & SCHARLACH, R. C. (2013). Equilíbrio corporal em idosos 12 meses após tratamento para VPPB. Braz. j. otorhinolaryngol.(Impr.), v. 79, n. 1, p. 39-46, 2013.
LEMOS, T., IMBIRIBA L.A, VARGAS C.D., VIEIRA T.M. Modulation of tibialis anterior muscle activity changes with upright stance width; Journal of Electromyography and Kinesiology v. 25, n. 1, p. 168-174, 2015.
NORDIN, M. ,FRANKEL, V.H. Biomecânica básica do sistema músculo esquelético. Rio de Janeiro, 2003.
TASSEEL-PONCHE, S., YELNIK, A. P., BONAN, I. V. Motor strategies of postural control after hemispheric stroke. Neurophysiologie Clinique. Clinical Neurophysiology,v. 45, n. 4, p. 327-333, 2015.