A fascite plantar, fasciite plantar ou ainda fasceíte plantar, é um termo que genericamente, vem sendo utilizado como descritor geral de dor no calcanhar, que pode incluir ruptura das fibras na inserção da fáscia na tuberosidade medial do calcâneo (WHITING, ZERNICKE, 2001). Todavia, a literatura salienta que a fascite plantar é uma condição inflamatória apenas da fáscia plantar. Essa patologia altera a distribuição de pressão plantar, que fica maior na região anterior do pé, aparentemente, devido a uma postura antálgica adotada como mecanismo compensatório para não comprometer ainda mais o local que se encontra acometido pela inflamação (ALVES et al., 2008). Sabe-se que a obesidade é um importante fator de risco para o desenvolvimento da fascite plantar (ALVES et al., 2008),porém essa inflamação também é altamente associada à pratica esportiva, como por exemplo, a corrida – onde a distribuição da pressão plantar é afetada pela duração da prova (MACHADO et al., 2013).
Ao avaliar corredores de diferentes distâncias, Machado e colaboradores (2013) afirmam que após percurso mais breve, a alteração na pressão plantar acontece de forma simétrica. Já em provas mais longas, há aumentos de pressão em diferentes regiões dos pés direito e esquerdo, indicando assimetria e consequentemente dificuldade no controle da postura. O que poderia ser, tanto por alteração no controle postural quanto por alterações na sensibilidade dos mecanorreceptores plantares, componentes responsáveis pelo feedback postural e proteção da pele contra sobrecarga de pressão (MACHADO et al., 2013). Segundo os autores, estas alterações podem resultar de fadiga não só de grandes grupos musculares, mas também de músculos pequenos que cruzam o tornozelo e que podem afetar a mecânica da pisada ao longo da prova, e mesmo depois dela!
Ao considerar que a fadiga de músculos (sejam eles mobilizadores ou estabilizadores), está ligado à mudanças na pressão plantar, e consequentemente, a um maior risco de fascite plantar, deve-se levar em conta a possível importância de outras capacidades físicas. Whiting e Zernicke (2001) destacam a falta de flexibilidade como “agravante” ou “fator que acelera”tal patologia, exemplificando que a retração do tendão calcâneo limita a dorsiflexão, aumentando o estresse sobre a fáscia plantar. Os mesmos autores citam ainda como fatores associados à fascite plantar: déficits de força, supertreinamento, discrepâncias no comprimento de membros, fadiga, fatores genéticos (como a inextensibilidade fascial), mecânica precária dos movimentos (como a pronação excessiva durante a corrida).
Com tantos fatores associados, parece importante ressaltar que a grande maioria dos casos de fascite plantar é considerada uma resposta a cargas repetidas, onde forças compressivas achatam o arco longitudinal do pé (WHITING, ZERNICKE, 2001). Estas forças compressivas agindo repetidamente podem ser causa, ou consequência de uma mecânica deficitária dos movimentos, o que demonstra o quanto é importante avaliar a distribuição de cargas – tanto no eixo vertical (através de baropodometro), quanto nos demais eixos, antero-posterior e médio-lateral (através de uma plataforma de força). Ou seja, na prevenção e no tratamento da fascite plantar, como em qualquer patologia, é essencial uma avaliação completa de todos os fatores possivelmente associados, para obter um diagnóstico correto, e assim realizar uma intervenção efetiva, focada na individualidade de cada paciente/aluno.
Texto por: Me. Catiane Souza
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2788554094463654
REFERÊNCIAS:
ALVES E.; LIMA, Z.B.; SEIXLACK, M.A.L; BERTOLINI, G.R.F.; BUZANELLO, M.R. Avaliação da pressão plantar em indivíduos com fascite plantar. Saúde e Pesquisa, v. 1 n. 3, pp 277-281, 2009.
MACHADO, A.S.; CARPES, F.; KUNZLER, M.R.; ROCHA, E.S. Avaliação da pressão plantar em corredores de longa distância. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 5, n. 2, 2013.
WHITING, W. C., ZERNICKE R. F. Biomecânica da lesão musculoesquelética. Rio de Janeiro: Guanabara, 2001.