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A superfície da elipse, também conhecida como área da elipse, é um dos parâmetros do COP (mais informações sobre COP no texto: “O que é COP? O mesmo que COG? Qual sua utilidade?”), que representa a área onde 95% dos pontos estão inseridos. Em uma avaliação de estabilometria, certamente é um dos parâmetros mais representativos (se não “O” mais, devido a sua riqueza de informações). Mas afinal, o que, na prática, quer dizer “95% dos pontos”?
Vamos começar relembrando o que são esses pontos: Cada ponto representa o lugar da origem do vetor da força de reação do solo de um corpo, em um determinado tempo – como se fosse uma “foto” dessa posição. A quantidade de pontos, ou “fotos” que teremos, dependerá do tempo de coleta, e da taxa de amostragem (quantas informações o equipamento capta por segundo). Didaticamente, podemos considerar que se utilize 500 Hz (ou 500 dados por segundo) em avaliações na plataforma de força ou no baropodômetro, durante 30 segundos (LEMOS et al., 2015) – esses valores são usuais mas podem variar dependendo do objetivo da coleta e do equipamento utilizado – de forma que teremos 15000 pontos espalhados. Desses 15000, a superfície da elipse irá abranger 14250 pontos, excluindo os 750 mais distantes do centro. Proporcionalmente, a superfície da elipse está ilustrada na imagem abaixo (adaptada de: MARCO B, 2015).

 

A variação na posição desses pontos é explicada pelo que a literatura descreve como postura semiestática, pois mesmo quando se decide ficar parado na postura ereta, o corpo oscila (DUARTE, FREITAS, 2010), ou seja: o que se avalia é justamente essa oscilação involuntária! A partir disso, pode-se perceber que além da área da elipse, uma avaliação subjetiva também oferece informações importantes acerca do equilíbrio do corpo, por exemplo, em relação ao formato e à inclinação dessa elipse. Se a oscilação do corpo for similar nos sentidos ântero-posterior e médio-lateral, a elipse tende a se parecer com a demonstrada na imagem acima, mais arredondada e com pontos mais dispersos. Caso a oscilação seja predominantemente ântero-posterior, a elipse será mais estreita e verticalizada, já se a predominância da oscilação for no sentido médio-lateral, a elipse também terá um aspecto mais estreito, porém será mais inclinada, ou seja, menos verticalizada que no exemplo anterior.

De forma prática, em uma intervenção realizada por um fisioterapeuta ou educador físico, avaliações e reavaliações podem demonstrar que a estratégia escolhida para manutenção ou melhora do equilíbrio está sendo efetiva, por exemplo, se a área da elipse estiver se mantendo aproximadamente a mesma, ou diminuindo, respectivamente. O mesmo parâmetro em um acompanhamento médico, pode apontar a necessidade de uma abordagem multidisciplinar, por exemplo, ao demonstrar que a área da elipse vem aumentando ao longo das avaliações – o que indicaria que o paciente está perdendo estabilidade (o que pode ser devido à idade, a um efeito de um medicamento, a alguma patologia, etc). Logo, a área da elipse é uma representação do quanto um corpo oscila quando tenta ficar estático, e pode ainda mostrar dar um indicativo de em qual direção essa oscilação é maior.

Texto por: Me. Catiane Souza

Lattes: http://lattes.cnpq.br/2788554094463654

REFERÊNCIAS:

DUARTE, M., FREITAS S.M. Revisão sobre posturografia baseada em plataforma de força para avaliação do equilíbrio. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 14, n. 3, p. 183-192, 2010.

LEMOS, T., IMBIRIBA L.A, VARGAS C.D., VIEIRA T.M. Modulation of tibialis anterior muscle activity changes with upright stance width; Journal of Electromyography and Kinesiology v. 25, n. 1, p. 168-174, 2015.

MARCO B. How to draw confidence ellipse from a covariance matrix? 2015
Disponível em: http://mathematica.stackexchange.com/questions/81061/how-to-draw-confidence-ellipse-from-a-covariance-matrix.