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Avaliação de Equilíbrio em Deficientes Visuais: O que os Sensores Revelam

A avaliação de equilíbrio em deficientes visuais é um desafio clínico que exige sensibilidade, tecnologia e compreensão profunda dos sistemas sensoriais. Embora o equilíbrio dependa da integração entre visão, vestibular e propriocepção, o indivíduo com cegueira perde uma dessas vias, o que aumenta a demanda sobre os sistemas remanescentes. No entanto, quando analisamos esse processo com sensores inerciais, entendemos como o corpo realmente se adapta.

Durante o caso clínico apresentado pela Débora Carvalho, o teste bipodal mostrou uma oscilação elevada e uma área elíptica muito acima dos padrões esperados. Além disso, o momento mais surpreendente ocorreu no teste de olhos fechados. Mesmo sendo cego, o ato de fechar as pálpebras fez a instabilidade quase triplicar.

Isso acontece porque o cérebro interpreta o fechamento dos olhos como a retirada de uma via sensorial, embora ela já estivesse inoperante. Por isso, o sistema passa a depender exclusivamente das pistas proprioceptivas e vestibulares. Consequentemente, ocorre uma desorganização motora imediata, caracterizada por tensão muscular, flexão dos pés e aumento da oscilação. Em outras palavras, o corpo reage tentando encontrar novas referências.

O teste monopodal também reforçou essa tendência, já que a instabilidade estava alinhada à pouca fase de balanço observada na marcha. Portanto, a avaliação deixa claro quais déficits precisam ser priorizados na intervenção.

Reabilitação Guiada por Dados: Transformando Avaliação em Intervenção

Com os dados objetivos em mãos, a intervenção não segue mais um protocolo genérico. Pelo contrário, ela se torna focada, estratégica e baseada na realidade do paciente. A neuroplasticidade é a base para adaptar os sistemas remanescentes e melhorar autonomia na Orientação e Mobilidade (OM).

Principais frentes de intervenção:

• Treinamento da Marcha: superfícies instáveis aumentam estímulos proprioceptivos.
• Dissociação de Movimento: melhora a rotação de tronco e pelve, reduzindo o “movimento em bloco”.
• Fortalecimento Específico: glúteo médio e musculatura do tornozelo são fundamentais para estabilidade.

Audição e Tato como Aliados na Reabilitação

A especialista Débora reforça que o trabalho com deficientes visuais exige clareza na comunicação e uso inteligente das pistas auditivas e táteis.

• Mapa Mental: qualquer mudança no ambiente deve ser descrita com precisão.
• Pistas Sonoras: o paciente utiliza sons como referência espacial; o profissional deve integrar isso ao treino.

Assim, a avaliação de equilíbrio em deficientes visuais com sensores inerciais une ciência e humanização. Por fim, ela oferece mais segurança, autonomia e confiança ao paciente durante todo o processo de reabilitação.