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Muitas vezes, com as demandas que surgem cotidianamente em clinicas e laboratórios, e a pouca quantidade de profissionais capacitados, o protocolo de coletas acaba sendo negligenciado. Muitos o conhecem, porém não entendem sua importância e, consequentemente, não tem o hábito de seguí-lo, porém, em muitas clínicas ele sequer existe! Muitas vezes, pequenos detalhes em uma avaliação, resultam em grandes diferenças nos resultados, o que atrapalha não só o diagnóstico, mas a também a comparação dos resultados de um paciente ao longo do tratamento.

Por exemplo, ao avaliar, a eletromiografia ou a cinética, a fala do avaliador pode intervir nos resultados. Sabe-se que o incentivo verbal tem influência na força realizada (MAZZETO et al., 2014), o que consequentemente altera o sinal coletado. O mesmo vale para o intervalo entre diferentes testes, sempre que há qualquer tipo de esforço físico para o paciente. Assim como, ao utilizar um baropodômetro ou uma plataforma de força, mesmo que a indicação seja de tentar manter-se estático (DUARTE, FREITAS, 2010), o paciente pode manter o olhar fixo em um ponto, manter os olhos fechados ou ainda fazer movimentos oculares apenas para “olhar o ambiente”, pois essas modificações alteram o resultado do teste (BARCALA et al., 2011). Ou seja, tão importante quanto saber utilizar o software de cada equipamento, é conhecer o equipamento, a técnica e com isso, todos os fatores intervenientes na hora de orientar o paciente durante a coleta.

Didaticamente, imagine uma clínica ou laboratório que avalia a baropodometria de uma paciente idosa que começa a apresentar a perda de equilíbrio inerente à idade e vai fazer uma avaliação antes de iniciar uma intervenção, com fisioterapeuta, ou educador físico. Na avaliação antes de iniciar o tratamento, ela recebe a orientação de ficar com os olhos abertos e mantê-los fixo em um ponto. Na segunda avaliação, três meses depois, ela recebe apenas a orientação de manter os olhos abertos, e fica olhando para os quadros que tem dispostos na parede à sua frente. Na terceira, seis meses após iniciar o tratamento, ela não recebe orientação sobre o olhar e, quando pisca, mantém os olhos fechados por um tempo maior do que normalmente faz. Provavelmente, essa paciente já pode notar melhoras no dia-a-dia e esperaria também, uma melhora nos testes, o que não será encontrado. A falta de resultados de melhora/manutenção dos parâmetros avaliados pode ser indício da necessidade de uma intervenção medicamentosa para inibia a “piora” do equilíbrio que, na verdade, não passa de um descuido do avaliador! A situação citada é hipotética, mas, infelizmente, sabe-se que não é incomum, tanto na prática clínica, quanto em pesquisas – seja por avaliadores diferentes operarem um sistema, seja pelo mesmo avaliador não ser suficientemente preciosista durante as avaliações.

A excelência de uma avaliação inicia pelos equipamentos de qualidade, mas apenas é efetiva, se o avaliador tem um protocolo detalhado a respeito de todos os detalhes que podem intervir em cada coleta. Esse tipo de cuidado é o que diferencia os bons locais, onde, independente de haver, ou não, troca de avaliador, o protocolo é seguido e a coleta ocorre da mesma forma. Ou seja, esses locais podem garantir que o laudo vai realmente representar a situação do paciente e que pode ser comparado ao longo do tempo.

 

Texto por: Me. Catiane Souza

Lattes: http://lattes.cnpq.br/2788554094463654

 

REFERÊNCIAS:

BARCALA, L., COLELLA, F., ARAUJO, M.C., SALGADO, A.S.I.; OLIVEIRA, C.S. Análise do equilíbrio em pacientes hemiparéticos após o treino com o programa Wii Fit. Fisioterapia e Movimento, v. 24, n. 2, p. 337-43, 2011.

DUARTE, M., FREITAS S.M. Revisão sobre posturografia baseada em plataforma de força para avaliação do equilíbrio. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 14, n. 3, p. 183-192, 2010.

MAZZETTO, M.O., PAIVA, G., MAGRI, L.V., MELCHIOR, M.O., RODRIGUES, C.A. Frequência de alterações dos índices eletromiográficos na disfunção temporomandibular e sua correlação com o nível de dor. Revista Dor, vol. 15 n.2 , p. 91-95, 2014.