Metatarsalgia, nada mais é do que a dor na região das cabeças dos metatarsos, que comumente é relacionada a uma patologia específica, como Neuroma de Morton ou atrite inflamatória, porém essas condições não são critérios seu diagnóstico. A literatura indica que o termo pode se referir a qualquer situação, patológica ou não, que se relacione a dor na cabeça dos metatarsos desencadeada por sobrecarga repetitiva de alta pressão naquela região (KANG et al. 2006).
Essas sobrecargas repetitivas podem ser geradas por diversas condições, como pés cavus, pés planus, pés pronados, halux valgus e dedos em garra, que além da pressão excessiva, geram um processo de inflamação, neuropatia, atrofia, dentre outros (KANG et al., 2006). De qualquer forma, a metatarsalgia tem uma etiologia multifatorial, principalmente no que diz respeito a recidivas, que tornam as situações citadas anteriormente (inflamação, neuropatia…) mais complexas, exigindo assim uma análise da causa da metatarsalgia como ponto crítico no planejamento do tratamento apropriado (KANG et al., 2006; BAROUK, 2014).
Sabe-se que o tratamento não-cirúrgico deve sempre ser a primeira opção para resolver ou estabilizar a metatarsalgia, seja ela primária ou secundária, ou seja: é imprescindível especificar a etiologia da metatarsalgia de cada paciente, pois esse conhecimento ajuda a entender o mecanismo e guia tanto a prevenção, que é o melhor tratamento (BAROUK, 2014), quanto a melhor intervenção em casos já instalados. Por exemplo, sabe-se que tratamentos com bons índices de resultado, como o uso de almofadas na região, só apresentarão resultados se estas forem efetivas na redução da pressão plantar do indivíduo, o que nem sempre acontece (KANG et al., 2014). Tamanha diversidade exige um olhar atento, uma vez que, além das diferentes causas, a metatarsalgia pode ainda ocorrer em diferentes populações como de jovens atletas a idosos sedentários, de forma que a intervenção pode priorizar alongamento (como no caso de comprometimento na flexibilidade do gastrocnêmio), ou mobilizações (como em situações de atrofia), ou mesmo mudanças na escolha do salto (no caso de sapatos femininos com alto ângulo de inclinação)….
Sendo assim, percebe-se que a metatarsalgia possui diversas causas e diversas consequências possíveis, exigindo que o profissional do movimento (seja fisioterapeuta, da educador físico ou medico ortopedista), tenha uma avaliação adequada para a intervenção fortemente individualizada que essa condição exige. Igualmente essencial, é o conhecimento do médico sobre a situação de cada paciente, possibilitando reconhecer os casos possíveis de serem revertidos por um profissional qualificado que através do seu tratamento, pode até mesmo evitar uma indicação de cirurgia que parecia iminente.
Para uma escolha consciente e baseada na individualidade de cada paciente, é necessário que sejam realizados testes adequados de pressão plantar e sobrecarga durante o contato do pé com o solo (seja estático ou realizando atividades de vida diária). Tais testes podem ser realizados através de baropodometria, ou plataforma de força, ou mesmo com o uso de ambos instrumentos, uma vez que podem apresentar informações complementares a respeito de cada caso.
Texto por: Me. Catiane Souza
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2788554094463654
REFERÊNCIAS:
BAROUK, P. Recurrent metatarsalgia. Foot and ankle clinics, v. 19, n. 3, p. 407-424, 2014.
KANG, J.H.; CHEN, M.D.; CHEN, S.C.; HSI, W.L. Correlations between subjective treatment responses and plantar pressure parameters of metatarsal pad treatment in metatarsalgia patients: a prospective study. BMC musculoskeletal disorders, v. 7, n. 1, p. 1, 2006.