O Professor e Biomecanicista Guilherme Brodt, comenta sobre um estudo realizado com a eletromiografia. O objetivo deste estudo era buscar questões de estratégia para identificar se o nosso controle motor pode sofrer alterações conforme o envelhecimento. Esse estudo foi realizado com um grupo de idosos, o qual praticava caminhadas de montanhas.
Foi possível identificar que os idosos acabam recrutando com menos intensidade o grupo muscular gastrocnêmio, no entanto eles têm uma maior coativação muscular. Isso significa que eles utilizam a panturrilha com menos intensidade, no entanto as outras musculaturas são utilizadas ao mesmo tempo que a panturrilha.
Sendo assim, os idosos têm um mecanismo menos eficiente e de menor equilíbrio. Ainda, muitas vezes eles têm mais medo de caminhar. É como se eles utilizassem os outros grupos musculares contrapondo a ação dos gastrocnêmios para tentar manter a região segura e estável.
Esse foi o principal resultado do estudo, porém, além disso, foi possível identificar que os idosos apresentavam o aumento da atividade de glúteo, muito próximo a 100% da sua capacidade.
Em relação a isso, o Professor Guilherme cita um exemplo, que é realizar uma avaliação de marcha com eletromiografia e identificar com quantos milivolts determinado músculo foi recrutado. Após isso é realizado outro teste para saber quantos milivolts é possível recrutar ao máximo essa musculatura. Isso se chama CVM – Contração voluntária máxima.
Contração voluntária máxima é a intensidade máxima que alguém consegue recrutar determinado músculo. Por isso, através desse estudo, pode-se descobrir que quando o idoso caminha ele recruta a musculatura de quadril quase 100% da capacidade máxima dele.
Dessa forma, é como se a marcha fosse uma capacidade de repetição máxima, ou exercício de máxima intensidade para essa musculatura. Isso nos mostra que idosos têm realmente muita fraqueza na musculatura do quadril.
Em relação ao recrutamento exagerado da musculatura de tornozelo, entende-se que, o tornozelo e o pé, são as regiões mais importantes para nos falar como está o nosso corpo em relação ao solo, e ao ambiente que caminhamos.
Portanto, sabendo dessas informações, na questão proprioceptiva entra o treinamento proprioceptivo, com instabilidades e regiões onde força-se a utilização da articulação do tornozelo, para melhorar a estabilidade do corpo.
E quando o assunto é glúteo, e a capacidade máxima de utilização da musculatura, entra uma questão que hoje já é muito estudada, que é o treinamento de força para idosos.
O treinamento de força é o aumento da capacidade máxima de produção de força de um determinado grupo muscular. É aquele treinamento com poucas repetições, por conta da intensidade que ele é realizado.
Porém, o Biomecanicista destaca que o treinamento de força para idosos é completamente diferente do treinamento para jovens. Ainda, nesse treinamento de força para idosos nós nunca utilizaremos repetições máximas, ou seja, fazer o exercício até a exaustão ou até a falha do exercício, porém podemos sim aumentar a intensidade de exercícios e diminuir o número de repetições, para aumentar a capacidade máxima de produção de força do músculo.
Esse é o objetivo, explica o Professor Guilherme, pois assim é possível aumentar a capacidade máxima do idoso, para que durante as tarefas simples, como subir um aclive, um morro, eles não estejam já no limite de produção de força daquela musculatura, e se há um desafio ou uma irregularidade, como um buraco, ou uma pedra, eles vão necessitar de mais força naquela articulação.
Por isso, é importante que eles ainda tenham uma reserva funcional que possa permitir que retornem de uma instabilidade sem cair. A falta de reserva funcional e reserva de força durante a marcha com certeza é um fator que pode contribuir muito para a ocorrência de quedas.