Quando identifica-se os torques articulares, é possível também identificar qual é a região do corpo que está exercendo maior esforço.
Conforme o Professor e Biomecanicista Guilherme Brodt, ao identificar qual é a região que está realizando maior esforço, pode-se entender quais são as diferenças de estratégia para realizar uma mesma tarefa.
Em um estudo realizado observando idosos, foi possível perceber que os idosos com osteoartrite sintomática, aquela que causa dor no joelho, aumentam o momento extensor de joelho durante a marcha. Isso significa que eles usam mais os extensores de joelho enquanto caminham em comparação àqueles que não apresentam o problema.
Em relação aos extensores de joelho, principalmente o quadríceps, Guilherme comenta que eles não são estruturas que devemos exigir muito durante a caminhada. Eles são músculos chamados de amortecedores.
Os músculos amortecedores são utilizados no início da fase de apoio para dissipar a força de reação do solo que se propaga no nosso corpo. Após essa fase, os extensores de joelho não são mais utilizados de forma importante. No entanto, quem tem osteoartrite sintomática usa mais essa musculatura.
Segundo o professor Guilherme, isso significa que, devido à elucidação da cápsula articular, uma pessoa com osteoartrite sintomática perde estabilidade e congruência articular. Isso faz com que elas utilizem uma musculatura que não tem aquela função para agir como estabilizadora.
No entanto, o quadríceps não é um grupo muscular estabilizador, pois não tem a função de estabilizar o joelho. Essa musculatura age como um amortecedor, pois tem o objetivo de gerar extensão de joelho.
Porém, devido a falta de utilização dos outros músculos e a falta de estabilidade e congruência articular, busca-se o quadríceps para tentar estabilizar essa articulação para uma compensação.
Essa não é a função do músculo quadríceps, mas por conta da falta dos músculos estabilizadores de joelho e quadril, passa-se a utilizar o quadríceps tentando trazer segurança para aquela articulação que dói.
Porém, quando utiliza-se um músculo que não é um músculo estabilizador para estabilizar, entende-se que a pessoa não tem conhecimento de outras musculaturas para exercer a função própria delas.
Segundo Guilherme, os músculos indicados para utilizar na estabilização das articulações, são os isquiotibiais, considerados importantes para estabilizar a articulação dos joelhos, uma vez que eles se inserem um vez de cada lado e podem gerar tração e congruência nessa articulação. Além deles, o próprio glúteo médio e o glúteo máximo também têm essa capacidade de estabilizar a articulação do joelho.
Para isso, recomenda-se exercícios de fortalecimento em apoio unipodal, pois entende-se que exercícios unipodais são capazes de incentivar a utilização das musculaturas estabilizadoras com mais importância, pois o apoio unipodal diminui muito a instabilidade.
Estes exercícios têm o objetivo de ensinar a usar os músculos isquiotibiais e glúteos como mecanismos estabilizadores e talvez diminuir a importância do músculo do quadríceps, uma vez que, quando recruta-se o músculo do quadríceps em alguém com osteoartrite, as forças de contato aumentam.
Ainda, Guilherme comenta que a força de contato femoropatelar e femorotibial aumenta quando há uma contração mais forte no quadríceps. Sendo assim, é necessário dissipar a força do quadríceps, ou seja, não usá-lo, e usar os outros músculos para tentar estabilizar o membro inferior.