Introdução
O “congelamento da marcha”, também conhecido como freezing, é um dos sintomas mais complexos e incapacitantes da Doença de Parkinson. Subitamente, o paciente sente que seus pés “colam no chão”, dificultando ou até impedindo o movimento. Apesar de frequente, esse fenômeno aumenta o risco de quedas e compromete seriamente a autonomia funcional.
Felizmente, a tecnologia tem se mostrado uma forte aliada para prevenir ou reduzir esses episódios. Hoje, por meio da análise da marcha com sensores inerciais, é possível identificar padrões sutis e intervir de forma mais precisa e eficaz.
O que é o Freezing da Marcha?
O freezing é caracterizado por interrupções momentâneas e involuntárias da marcha, nas quais o paciente se sente incapaz de continuar andando. Embora durem apenas alguns segundos, esses bloqueios podem ocorrer diversas vezes ao dia, especialmente em situações como:
- Entrar em portas ou corredores estreitos;
- Fazer curvas ou mudanças de direção;
- Ficar ansioso ou sob pressão;
- Lidar com estímulos duplos, como andar e falar ao mesmo tempo.
Estudos indicam que até 60% dos pacientes com Parkinson desenvolvem episódios de freezing em algum momento da doença. Por isso, identificar os gatilhos e compreender a dinâmica da marcha é essencial.
Por que avaliar a marcha é essencial nesse contexto?
Muitas vezes, o freezing é precedido por alterações quase imperceptíveis no padrão de marcha. Por exemplo: o paciente começa a dar passos menores, perde o ritmo ou apresenta assimetrias entre os lados do corpo. Essas mudanças sutis podem passar despercebidas na observação clínica tradicional.
Nesse sentido, a análise da marcha fornece informações detalhadas e objetivas, permitindo ao profissional detectar esses sinais precoces. Com isso, é possível personalizar as estratégias terapêuticas e até antecipar episódios críticos.
O papel da análise com sensores inerciais
Sensores inerciais são dispositivos pequenos, portáteis e altamente sensíveis, que captam dados de movimento com grande precisão. Eles são acoplados ao corpo do paciente, geralmente nos pés, pernas ou tronco, e medem parâmetros como:
- Cadência;
- Comprimento do passo;
- Velocidade da marcha;
- Tempo de apoio e oscilação;
- Variabilidade e simetria.
Essas informações, quando analisadas por softwares adequados, geram relatórios objetivos que auxiliam o raciocínio clínico. Assim, a intervenção deixa de ser baseada apenas em percepções subjetivas e passa a considerar dados reais e comparáveis.
Como isso se aplica na prática clínica?
Na rotina clínica, testes tradicionais como o Timed Up and Go (TUG), a caminhada de 10 metros ou o percurso com obstáculos ganham outra dimensão quando combinados aos sensores inerciais. Isso porque o profissional pode quantificar cada aspecto do desempenho motor do paciente.
Além disso, diferentes estratégias podem ser testadas e validadas com apoio tecnológico, como:
- Pistas visuais no chão (linhas, marcações);
- Estímulos auditivos (metronomos, batidas rítmicas);
- Comandos verbais repetitivos;
- Atividades cognitivas associadas ao movimento.
Acompanhar os dados ao longo das sessões permite observar com clareza o progresso e fazer ajustes pontuais no plano terapêutico.
Da avaliação à intervenção: um ciclo completo
A análise da marcha não termina com a avaliação. Na verdade, ela abre caminho para um ciclo completo de cuidados. A partir dos dados, o profissional pode:
- Escolher exercícios com maior potencial de resposta;
- Medir a efetividade da intervenção;
- Identificar a hora certa de mudar ou intensificar os estímulos.
Nesse processo, tecnologias como o sensor Baiobit e a IA da Cybilla otimizam a tomada de decisão e reduzem a subjetividade, garantindo mais segurança para o paciente e mais confiança para o profissional.
Conclusão
Em um contexto clínico cada vez mais voltado à personalização do cuidado, a análise da marcha no congelamento em Parkinson se mostra uma estratégia poderosa. Quando bem utilizada, ela ajuda a compreender padrões, prever riscos e promover intervenções mais eficazes.
O freezing pode ser imprevisível à primeira vista — mas, com os dados certos, é possível se antecipar, reduzir os episódios e melhorar a qualidade de vida.
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